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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

PALESTRA COM ENGENHEIRO SOBRE O MINÉRIO NIÓBIO

RESENHA DE PALESTRA COM ENGENHEIRO SOBRE O MINÉRIO NIÓBIO

Local da palestra:  Auditório do Senge Sindicato dos Engenheiros no Paraná – Curitiba-PR.
Palestrante:   Engenheiro Eletrônico Marco Antonio Polo
Data:  09-12-2015

     Anotações pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida – filiado ao SENGE PR

     O palestrante é paranaense de Cambará, mas há muito tempo é radicado em Porto Alegre.
     Ele vem há anos numa verdadeira cruzada de alerta sobre as perdas que o BR está tendo pela falta de uma política para esse relevante minério do qual o BR tem a quase totalidade da reserva mundial e está perdendo divisas pela exploração e exportação do mesmo sem critérios que antendam ao interesse da Nação.   Coisa de bilhões de dolares por ano, as perdas do BR segundo o palestrante.  
     Ele disse que o BR é um país extremamente rico em minérios e os órgãos federais que normatizam e fiscalizam o setor são pobres e estão a cair aos pedaços.   Disse que recentemente foi no escritório de Porto Alegre do  DNPM  Departamento Nacional de Produção Mineral e até os elevadores não estavam funcionando.  Um desalento total.  
     Como estudioso do tema, andou buscando dados da produção mineral, etc e notou que há carência de dados oficiais do setor, reflexo da falta de atenção para o mesmo.
     Lembrou que o relato a seguir ele já vem colocando na mídia e muita coisa dá para ser levantada em busca na internet.   Mas como o assunto continua sem solução, ele vem divulgando o problema para tentar uma reação em prol dos interesses da Nação nesse quesito.
     O minério bruto pirocloro é um dos que contém o elemento Nióbio na composição.  Coltan – nome de rochas que contém Nióbio ou Colúmbio.
     Alertou que no artigo 176 da nossa Constituição Federal está dito que o subsolo pertence à União e que a exploração dos minérios deve ser de acordo com o interesse nacional.
     Um novo marco regulatório estaria tramitando no Congresso Nacional para tratar da produção mineral, representado pelo Projeto de Lei 5.807/.      O mesmo não faz nem menção ao relevante nióbio, cujas aplicações logo serão elencadas.
     Consta, segundo ele diz, que o tal projeto de lei teria sido elaborado nos escritórios das grandes mineradoras.    Ele até citou os nomes da Vale e da CHP.
     O que é o nióbio
     Ponto de fusão :   2.485 Graus
     É mais resistente que o Titânio e o Vanádio.   Mais resistente e MAIS LEVE.   Grande aplicação na indústria aeronáutica inclusive.
     O nióbio em proporção diminuta numa liga aumenta em muito a leveza da mesma e resistência.
     Falou um pouco do uso da liga com nióbio na fabricação do tanque de guerra Osório, que foi inclusive premiado fora do BR mas que foi deixado de lado na briga da indústria bélica de cá e de fora.   Citou que já o primeiro submarino nuclear americano, o Nautilus, de 1954 teve em sua composição nióbio brasileiro.
     O nióbio nas ligas metálicas torna-as mais leves e econômicas, além de resistentes.
     A liga com o mesmo em baixa temperatura se torna supercondutor.
     O mineral tem vasto emprego nos produtos eletrônicos.
     O avançado Colisor de Partículas subatômicas que fica num laboratório entre a Suiça e França, teve em seu mecanismo o uso do nióbio.     Idem em telescópios de precisão, em turbinas de aviões, em cuja liga pode ir até 300 kg de Nb (nióbio).
      O uso dele também está na indústria ótica oftalmológica.
      No Brasil no passado havia lei mais restritiva à saída de minério dessa relevância para fora, mas o advento da Lei Kandir (anos FHC) praticamente liberou a exportação do mesmo sem cobrança de impostos, inclusive o ICMS.
     Segundo os dados que levantou sobre as reservas de Nb no mundo, consta:
     Brasil – com 842.460.000 t teria 98,43% das reservas mundiais conhecidas.
Canadá -  1,11%
Austrália -  0,46%
     Em geral o Nb brasileiro sai das minas em Araxá-MG.
     Disse que a exploração estaria sendo feita pela empresa CBMM que foi vendida não faz tempo aos chineses por 4 bilhões de dolares.    Nisso se inclui o direito de exploração das jazidas na região.
     Disse que sintomaticamente, o prefeito de Araxá-MG foi eleito por uma inusitada aliança de 14 partidos políticos.
     As jazidas de Araxá são à flor do solo.   Escava pouco e aflora o minério.
     Ele disse que pelo tanto de Nb que estão extraindo do local e enviando ao exterior, fica a impressão que estão “transferindo a mina” para fora e depois irão usando o estoque conforme ficar melhor para eles, já que quase não há controle no Brasil e nem impostos.   E o pouco imposto que há, poderia estar se evadindo por sub faturamento, segundo ele.
     Falou também de passagem sobre as chamada “terras raras” que contém minérios de grande interesse do mundo tecnológico e cuja exploração também vem sendo feita ao deus-dará no BR.
    Na mineração das terras raras no BR a China também está presente firme e forte.
    Há reservas das terras raras pelo BR, com ênfase em Araxá, Presidente Figueiredo-AM e Catalão-GO.    Vão na composição de células para energia solar, energia eólica, etc.
     Disse que em São Gabriel da Cachoeira, projetos hidrelétricos tenderão a inundar áreas ricas em terras raras.     Questionou o interesse em colocar hidrelétrica naquela região.   Para servir a quem?
     Lembrou que mesmo o PR tem importantes reservas inclusive de ouro, mas que muitas delas estão nas Reservas Ecológicas.
     Citou os impostos sobre minérios em diversos países:
     Austrália:  7,5% do valor bruto
     Índia:   10% do valor bruto
     Canadá:   18% do valor bruto
     Brasil :   0,2 a 3% do “lucro” (irrisório o declarado).       Desse valor, 12% do cobrado é da União, 23%  do estado e 65% para o município detentor da reserva.
     É uma discrepância enorme tanto no preço de exportação do Nióbio, quando na quantidade exportada.   Coisa de  bilhões de dolares que vão para o ralo por ano.
     Ele disse que sintomaticamente o BR é quase dono de todo o Nb que é exportado, mas a bolsa que faz a cotação do minério é em Londres e a cotação lá é algo como VINTE VEZES MAIOR QUE O DECLARADO QUE SAI DO BRASIL.   Pois é!
     Ele fez um cálculo estimativo e chegou em aproximadamente 9 bilhões de dolares por ano a perda com o nióbio pela forma que é declarado em quantidades e valores.
     Ele falou que o satélite brasileiro vem sendo boicotado e este poderia estar ajudando a prospectar novas jazidas de minérios importantes para nós.     O pessoal de fora, via satélites, já tem diagnosticado minérios por aqui e adquirido áreas em concessão para exploração, aí incluidos os Chineses.
     Falou da nossa riqueza em Tório que é um minério radioativo.    Disse que é melhor que o urânio para a produção de energia atômica.
    
     Fica dado o alerta e nos coloca o desafio de buscarmos mais informações sobre o tema e cobrarmos dos nossos representantes no governo uma gestão cidadã inclusive desse importante recurso mineral.
     


                  orlando_lisboa@terra.com.br   

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

RESENHA DE VISITA TÉCNICA À ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DA SANEPAR EM CURITIBA – PR (COM USINA DE BIOGÁS EM CONSTRUÇÃO) – ETE BELÉM


     Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida. 
     Promotor da visita:   IEP Instituto de Engenharia do Paraná -    Data:   09-12-15

     Fiz parte da visita técnica como Engenheiro e cidadão e deixo claro que a minha formação não é do ramo sanitário, mas como cidadão fiz a visita e relato aquilo de interessante consegui captar no local.   O intuito de colocar no Word é divulgar no blog para quem se interessa pelos temas Saneamento e Meio Ambiente.
     Curitiba possui cinco ETE Estações de Tratamento de Esgotos que atendem ao redor de 2,5 milhões de pessoas da cidade e da região metropolitana.    Visitamos a ETE Belém, que fica próxima à Foz do Rio Belém que é afluente do Iguaçu e no rumo de São José dos Pinhais-PR.
     Ao contrário da maioria das ETEs do estado, esta usa o sistema Aeróbico para o processo biológico de tratamento do esgoto.    Implantado nos anos 80 com uma tecnologia holandesa, requer grandes aeradores movidos a eletricidade para potencializar a ação dos microrganismos aeróbicos.    Alto gasto de energia elétrica.   A ETE local demanda  transformador de 1.500 KVA de energia elétrica.
     Curitiba é relativamente plana e em chuvas abundantes, boa parte da água pluvial acaba indo parar na ETE e causa algum transtorno no tratamento de esgoto, inclusive levando areia, garrafas pet, etc.
     Na ocasião foi dito que o governo do Paraná elaborou um projeto para sanear o Rio Iguaçu e estaria buscando captar 800 milhões de reais para isto junto à Coréia do Sul, país que saneou um dos seus rios que passa pela zona urbana naquele país.
     Citado pela equipe de Engenharia da Sanepar, que o custo atual de tratamento de esgoto local fica na base de R$.0,42 por m3 (mil litros).     No processo, gera por dia 110 toneladas de lodo.    Este contém metais pesados, microrganismos patogênicos, hormônios, fármacos, etc.      Dar a destinação correta a esse lodo custaria ao redor de 35% das despesas da ETE.
     Consta que o esgoto chega com DBO Demanda Biológica de Oxigênio na faixa de 250 e após tratado, sai com 12.    Após tratado, o esgoto retorna ao Rio Belém e estaria com condições, em termos de DBO, melhores que a água do rio que é bem poluída.
     A novidade no local é a Usina de Biogás que está em fase final de construção pela CS Cattalini Bioenergia (tem site na internet com detalhes), uma parceria entre a empresa Catalini (65%) e Sanepar (35%).  A usina usará o lodo de esgoto como matéria prima para geração de biogás que será convertido em energia elétrica a ser consumida pela ETE local.    Consta que a Usina está prevista para gerar 1,8 MW de energia.
     A usina local seria uma obra de em torno de 75 milhões de reais e será parceira permanente (vendendo energia) da Sanepar – ETE Belém.    Obra prevista para ficar pronta no primeiro semestre de 2016 e dá para ser vista à direita da pista que liga Curitiba a S.José dos Pinhais, apesar de ficar afastada uns 2 km da rodovia em si.
     A ETE Belém também está em obras de expansão para aumentar sua capacidade de tratamento de esgoto.
     O que em princípio já dá para considerar de positivo na produção de biogás é que do ponto de vista ambiental, queimar o metano que é 21 vezes mais danoso como gás do efeito estufa que o dióxido de carbono, traria um ganho ambiental nesse quesito.
     Os rios de Curitiba convergem para o rumo de Araucária-PR e nessa região se concentra a poluição causada pela região metropolitana.       Consta que a Sanepar usa como ponto de coleta de água dos rios ao lado de uma ponte que liga Curitiba a Araucária e nesse ponto é comum a DBO da água estar em torno de 38.     A Sanepar diz que ela “contribui” com 5 pontos dos 38 e o restante (a maioria) viria de águas pluviais, indústrias, esgotos clandestinos, etc.
     Isto foi o que consegui destacar e anotar da visita e o intuito é repassar as informações como contribuição à cidadania.                orlando_lisboa@terra.com.br
                   (41)  9917.2552              Sócio do IEP