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sábado, 5 de dezembro de 2015

WORKSHOP SOBRE BIOGÁS EM CASCAVEL - PR 27-11-15


Data/hora/local:  27-11-2015 – 8.30 as 16 h -  Sede da AREAC – Associação Regional de Engenheiros Agrônomos de Cascavel – PR -  Promoção do CREA - PR
Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida

     A abertura do evento foi feita pelo Eng.Agr. Orley que é da Diretoria do CREA PR, representando na ocasião o colega Galafati que preside a CEA Câmara Especializada de Agronomia do CREA-PR e que estava em viagem.
     Fala do Eng.Agr. Cícero Bley Junior – Superintendente de Energias Renováveis de Itaipu.  Ele tem mestrado no tema da Territorialidade.   Citou um programa que Itaipu criou no passado, o Cultivando Água Boa com foco na sustentabilidade.
     Ele destacou da responsabilidade da área agronômica também nessa área de energias alternativas, como biodiesel, etanol, biogás e outras.
     O Brasil é um país com vocação na atividade Agropecuária e no contexto podemos inclusive produzir biogas.
     O mundo está mudando, o Brasil idem e há novos desafios sendo que um deles é a questão energética.   Sobre o biogás, ele destacou que já erramos muito nessa área e hoje temos soluções mais efetivas e temos que aplicá-las com critério para ter sucesso.
     Citou um decreto de 2004.  Decreto 5163/04.   Citou norma da ANEEL, de 2012, uma RN que trata do assunto de energias alternativas.
     Após essa regulamentação de 2012 houve meio do produtor rural que gera bioenergia vender o excedente para a distribuidora da região.   Citou o caso da Granja Colombari da região de Cascavel.   O Sr.José Carlos Colombari conseguiu interligar sua produção de biogás com a Copel e vender energia e emitir Nota Fiscal do Produtor Rural sobre o feito.
     Lembrado que o IAP Instituto Ambiental do Paraná vem restringindo a emissão de alvarás para atividades de maior potencial poluidor como suinocultura e avicultura por causa dos resíduos que podem poluir ar e águas.   Isto acaba sendo um argumento a mais para os produtores rurais adotarem o biogás como uma das soluções para a questão ambiental e ainda lucrar com a energia produzida, além de evitar a emissão de metano no ar, um gás que tem grande ação negativa no aquecimento global.
     No mundo, o setor de Energia entra com 32% dos GEE Gases do Efeito Estufa.  A indústria entra com 16%, o setor de Transporte entra com 23%.   No caso da energia, as mais sujas são as de carvão e petróleo.
     A posição geográfica do BR nos coloca num ambiente privilegiado em todas as formas de energia.   Na Solar, nosso potencial por unidade de área de captação é duas vezes e meia maior do que em qualquer país da Europa.   No caso da energia Eólica, no Nordeste temos os Ventos Alísios que vem do Oceano Atlântico e são constantes, o que é positivo para a geração e no caso do Sul, temos os Ventos Polares que sopram constante.
     O BR tem grandes reservas de quartzo que é um dos componentes dos paineis solares e isto também nos dá uma condição favorável para desenvolvermos esse tipo de energia.
     Na parte de Biogás, também o BR tem um amplo potencial porque nossa agricultura tropical é exuberante até pela grande exposição ao sol o ano todo e a produção de massa é gtrande.
     Países como a Alemanha, mesmo não tendo condições tão favoráveis, vem incrementando a produção de energias alternativas inclusive com apoio em subsídios oficiais.   O Brasil, mesmo sem subsídios oficiais tem potencial de deslanchar nesse setor de energias alternativas e vem fazendo progressos na área.
     Segundo a UNICA União da Indústria Canavieira, o BR produz por ano ao redor de 140 milhões de toneladas de bagaço de cana (dados de 2012).   Isto corresponde a 15% da oferta de energia no BR no mesmo ano de 2012.   Boa parte da energia gerada pelo bagaço da cana é usada pelas próprias usinas/destilarias de açucar e álcool, mas há excedente que é vendido à rede distribuidora.
     O BR tem um paradigma de produzir energia em grandes usinas e isso causa problema de distribuição.   Citou como exemplo a Usina de Itaipu que gera energia que segue direto para a subestação de Barueri-SP na região metropolitana da capital e grande parte dessa energia é para suprir a indústria automobilística.   Praticamente nada dessa energia é usada no Paraná.    No caso do biogás e outras alternativas de produção de energia, poderão ser feitas em unidades menores, mais perto dos centros de consumo numa nova lógica para o setor de energia.
     Um dado bastante favorável à energia do Biogás.    Tomando a energia do petróleo com índice 100 de produção de GEE Gás do Efeito Estufa, o biogás produz um índice 3, ou seja, é 97% menos poluente que a energia do petróleo.
     Falou do biodiesel e a dificuldade para o agricultor produzir para uso próprio.   O óleo sai bruto com muitos elementos que danificam o motor e reduz em muito a vida útil do mesmo.   Por isso o óleo tem que passar por refino e isto fica fora do controle do produtor.
     Lembrou que o agronegócio produção de lenha é bastante relevante no Brasil.  Há um estudo do PR em termos de produção e consumo de lenha.   O consumo é distribuido pelo estado todo e a produção é concentrada em determinadas regiões e a logística encarece muito o produto.      Destacou que muitas propriedades rurais poderiam intercalar a produção de grãos, de animais e florestas energéticas, estas com adubação de dejetos de animais após a produção do biogás no tratamento de dejetos.
     Tendências no Mundo – questão de energia.   Dados de três séculos.   As curvas de uso da energia do carvão e do petróleo subiram e nos tempos atuais tendem a decrescerem e a curva do gás em geral vem subindo e tende a subir ainda mais até o meio deste século.    A energia do futuro próximo terá grande participação do gás.
     No caso do BR, há meio de produção do gás metano para fins energéticos de forma distribuida conforme a localização da demanda, favorecendo a logística.   Temos uma infinidade de resíduos animais e vegetais com potencial para produção do biogás, desde gramíneas, resíduos de granjas, de abatedouros de animais, etc.
     No capítulo 6 de um documento da ANEEL há dados comparativos de Eficiência Energética de diferentes fontes.
     Fazer o projeto do biogás com racionalidade e treinar quem vai operar o sistema e fazer a manutenção necessária.    Há a Associação Brasileira do Biogás.    A realidade mostra que a grande indústria já vem operando na distribuição de gás em larga escala e sempre há resistência a novas formas de produção de gás.  É um desafio para o biogás.
     Ele citou um caso meio pioneiro no Oeste do Paraná em que se fez um condomínio de pequenos suinocultores (Projeto Ajuricaba)  para tratarem em conjunto os dejetos, evitarem poluir os rios e obterem energia para auto consumo e venda no excedente.   Com muita luta conseguiram (demora de quatro anos) legalizar a interligação com a distribuidora Copel.   Eram isentos de ICMS mas recentemente o governo do Paraná tributou os mesmos, o que onerou muito o projeto, que tem inclusive um forte viés de sequestro de carbono e que é altamente positivo contra o efeito estufa.
  (continua.... clicar para continuar...)

WORKSHOP SOBRE BIOGÁS NA AGROPECUÁRIA 27-11-15

     Esta é a segunda parte do evento acima que foi realizado em Cascavel - PR pelo CREA PR     
     
Parte da Tarde – Paletra 4 -   Biogás – Alternativa de Energia Renovável Rural/Agroindustrial.
     Palestrante:   Engenheiro Agrícola Osvaldo Kuzman

     Na Índia e na China há grande tradição no uso de biodigestores.
     No BR nos anos 80 foi difundido o uso de biodigestores e por uma série de fatores o processo foi abandonado em seguida.   Houve erros e hoje em dia o desafio é seguir a tecnologia e treinar quem vai operar o sistema.
     Biodigestor é um abrigo de vidas.    As archeaeas metanogênicas  são os únicos microrganismos disponíveis para a produção de metano.
     Na fermentação anaeróbica – se controla a emissão de mau cheiro.   E se produz biogás.     Baixa produção de lodo.     Se o sistema estiver mal calibrado ou mal manejado, gera mau odor, pouco metano, etc.
     Combustão do metano:     CH4 + 2 O2  >   CO2 + 2 H2O + calor
     Lembrado que a temperatura ambiente influi no processo de produção de biogás.
     Temperatura ambiente abaixo de 10 graus positivos praticamente cessa a produção de biogás.    O biogás é inodoro, incolor e sem gosto e é insolúvel em água.    Altamente corrosivo.
      Mostrou foto de biodigestor da empresa GloboSuinos.  (Granja Heve)  Região de Cascavel – PR    Mostrou foto de biodigestor da Sadia na região.      Também de uma fecularia em Mercedes – PR  (Fecularia MCR – onde o Dr. Armin fez pesquisa)
     Citou o site     www.biogasmotores.com.br 
     Disse que em apenas 4 anos (mostrado no Globo Rural) a região já adotou a produção de biogás em 60 fecularias no Brasil, sendo muitas delas no Paraná.
     Há pesquisa em curso inclusive para se produzir biogás para restaurantes industriais.  Há sobras de comida que tem que ser descartadas por razões de saúde pública e uma forma seria produzir biogás e tratar os resíduos.


     Palestra 5 – Segurança na Operação de Biodigestores
     Eng.Civil Piergean Gomes -  da ONG CIBIOGÁS que tem apoio da Itaipu

     CIBIOGÁS – Energias Renováveis     www.cibiogas.org
     Núcleo de Projetos e Tecnologias

     Ele fez uma explanação com bastante normas e dados sobre o setor e deixou claro que se está lidando com energia que tem vários tipos de riscos como explosão de gás, queimadura por fogo ou objetos quentes, inalação de gases como o gás sulfídrico, amônia e mesmo contato com microrganismos patogênicos presentes em dejetos de animais, além de outros riscos.   Há que se treinar as pessoas e atuar dentro das normas de segurança.
     Foi citada dentre outras a NR 10 que está no âmbito da energia elétrica e tem parâmetros que se aplicam ao biogás.  
     Faz três anos que houve a criação da Associação Brasileira de Biogás e Biometano.
     Destacado que em recente leilão do governo federal, a China entrou com 14 bilhões de dólares no setor de energia elétrica no Brasil.
     O Cícero falou de passagem na produção de biogás através da biodigestão do lixo, que gera dentre outros, o gás piroxano (indesejável) que se origina de certas embalagens de cosméticos e creme dental.   Forma crosta interna nos motores movidos a biogás produzido a partir do lixo.   Por isso o gás tem que ser trabalhado e normatizado no caso.
     Empresas como a Volvo, Caterpillar e outras tem investido no combustível a partir do biogás (biometano) e é um potencial a mais de uso do mesmo.
     O Cícero voltou a lembrar que culturalmente consumimos energia e não temos o hábito de nos perguntar de onde ela vem, se vem de perto ou de longe.    (A respeito, li numa revista especializada – Revista Diferencial, editada pelo Senge PR Sindicato dos Engenheiros, que no sistema integrado elétrico brasileiro as perdas na distribuição podem chegar a 30% devido às distâncias, etc.).    Destacou que a Firjan Federação das Ind.do Rio de Janeiro tem estudo que indica tendência do setor industrial vir a produzir grande parte da energia que consome.
     Uma consultora do SEBRAE regional disse que já vem atuando em apoio às Cadeias Produtivas no Oeste do Paraná, dentre estas a do suíno, do frango, do leite.    E há interesse em se articular na questão do biogás.
     Nas falas finais, tivemos um breve comentário do Presidente da AREAC Associação Regional de Eng.Agrônomos de Cascavel e do Eng.Agr. Orley, representando o CREA PR, agradecendo a todos e lançando o desafio de todos os interessados se manterem articulados para fazermos avançar a questão do biogás em prol da sociedade.

     Isto foi o que consegui anotar e eventuais falhas de interpretação, ficam por minha conta.   Espero que os dados possam ser úteis para os que tem afinidade com o tema.

                            orlando_lisboa@terra.com.br      (41)  9917.2552   Curitiba - PR

terça-feira, 3 de novembro de 2015

RESENHA LIVRO - REVOLUÇÃO RUSSA - PARTE FINAL

Continuação da publicação anterior neste Blog  -  Revolução Russa


     104 – Entre 1918-1920 no bojo da revolução foram mortos 28 bispos e centenas de padres.
     127 -  A Revolução.... “exortações para que emendassem seus costumes atrasados, abanonando as bebedeiras, o machismo,  o antissemitismo, etc.”
     127 – Doença de Lênin (1922) e o apoio dele a Stalin.
     133 – A origem pobre de Stalin, filho de pai bêbado, violento, etc.
     134 – “Nomenklatura” -  Detentores de cargos com poderes de Nomear em todas as instâncias de poder incluindo saúde e educação.   Eram cargos nomeados pelo Estado ao redor de 500.000 para uma Nação com 86.000.000 de população.     Os que tinham o poder de nomear tinham assim um super poder e adquiriam um status de classe superior na sociedade com garantia de receber uniformes, ração completa, moradia, etc.  (incluindo passar férias na Criméia – em balneário).   Quem era nomeado para um cargo tinha que ser fiel ao sistema para não perder o cargo que era de confiança.  Se perdesse o cargo, caia em desgraça.
     142 – Massacre por Stalin (1925) a rebeldes da Chechenia.
     A Revolução e o apoio à língua e cultura de cada nação integrante da URSS.  Havia povos que antes não tinham língua escrita e foram apoiados para se criar um alfabeto como parte da expressão da cultura dos mesmos.
     Revolução -  apoio ao proletário e apoio à mulher.
     147 – Lênin morreu aos 53 anos de idade.  Foi complicada a sua sucessão.
     154 -  A Revolução e a busca do bem estar social para o povo.  Saúde, educação, moradia, etc.
     155 – Incentivo aos esportes de equipe, saúde, etc.
     156 – Pela dificuldade de moradia para todos, definiu-se uma cota em m2 para cada pessoa com três diferentes classes.
     168 – Muitos operários foram expulsos do partido por casarem na igreja e batizarem os filhos.
     168 – Funeral -  O regime também “mudou” o sistema de rito de funeral, abolindo a tradição do povo.   Passa a ter um rito secular, não religioso.   O mesmo ocorreu com o casamento.    As pessoas sentiam falta do mistério (do lado místico do ser humano), da alegria e da exuberância dos ritos tradicionais e consideravam seus substitutos artificiais, pobres em drama interior e em sentimento de transcendência.
     169 -  Por outro lado os jovens tinham uma grande vontade de se transformar e isso incluía fugir dos ritos tradicionais.
     170 – Confisco dos bens da Igreja Ortodoxa.     “Já se afirmou que houve 1.414 conflitos com fiéis em 1922-1923 nos quais mais de 7.000 padres, monges e freiras desapareceram, a maioria evidentemente assassinados.”
     170 – Católicos ortodoxos.   Também entre os atingidos havia povos na URSS adeptos do Islã e do Judaísmo.   No período de Stalin houve forte perseguição a todas as denominações religiosas.
     171 – Em 1922, Emelian Tarolavski fundou um Seminário para divulgar o Ateísmo.  Fundou a Liga dos Ateus Militantes.   Se opôs aos antirreligiosos conhecidos como “queimadores de padres”.   Estes últimos que praticavam bizarrices como queimar ícones e soltar porcos nas igrejas.
     173 – Stalin e seus adeptos eram contra a religião mas de certa forma “santificou” Lênin para controlar o povo.   (uma das “reprises” desse velho filme poderia ser o caso recente do Maduro tentando fazer isso em relação ao Chávez)
     Até embalsamaram o corpo de Lênin e a foto dele foi colocada por todo o canto da URSS.   Sempre acompanhada da frase:   LENIN ESTÁ CONOSCO SEMPRE E EM TODO LUGAR.
     174 – Poesia -    (engajada)    Maiakovski – o poeta operário.
     191/192 – No último parágrafo das conclusões o autor reconhece que na atualidade o mundo está protestando contra o mundo capitalista.   Então, algum referencial do “extinto” modelo da URSS ainda pode ter serventia nas análises, segundo o autor.

     Uma boa dica é ler o livro que apresenta o tema por um especialista na área, afinal na história da humanidade, que se saiba, experiência na linha do comunismo em larga escala e com certa longevidade são os casos da URSS e da China.     

     

sábado, 31 de outubro de 2015

RESENHA DO LIVRO “REVOLUÇÃO RUSSA” (Primeira parte da resenha)

RESENHA DO LIVRO  “REVOLUÇÃO RUSSA”   (Primeira parte da resenha)

Autor do livro:   Steve A. Smith – historiador britânico
Editora :  L&PM – 206 páginas, edição de 2013 – formato de bolso  (R$.20,00)

Elaboração da “resenha” (na verdade, um apanhado das frases mais marcantes ao meu ver) pelo leitor Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida     -    outubro de 2015

     Página 7 -  A Rússia era, na época da Revolução, 1/6 do território do mundo.
     8 – A Federação Russa (antiga URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) ruiu como federação em 1991.  
     11 – Petrogrado era a capital russa no momento da Revolução em 1918.
     11 – Soviete = conselho.   Duma = parlamento.
     11 – O Czar Nicolau II era parte de uma dinastia de trezentos anos no comando da Rússia.
     Na pré revolução, a situação lá era de urbanização, industrialização, etc.
     12 – Em 1917, 3/4 da população russa se dedicava à agricultura atrasada em seu todo.
     13 – Em março de 1917, mesmo em meio aos enormes protestos dos trabalhadores de lá, se celebrou o Dia Internacional da Mulher.   O comunismo dá destaque ao papel da mulher na sociedade.
     13 – Entre os anos de 1860 e 1914 a população russa passou de 74 para 164 milhões de habitantes.   Houve pressão pelo uso da terra para agropecuária.    Entre 1861 e 1900 encolheu em 1/3 a área média por agricultor.    Destaquei isto porque mais que pessoas, as mudanças tem um fundamento de geografia humana inclusive.
     14 – As ferrovias se expandiram na Rússia.   Também o comércio e a indústria se expandiram.   Em 1913 a Rússia era o Primeiro país em exportação de produtos agrícolas do mundo em quantidade anual.
     Ainda assim, pobreza generalizada e uma das taxas de mortalidade infantil mais alta da Europa de então.
     Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) a capital São Petersburgo, com o comunismo implantado, mudou de nome para Petrogrado.  
     15 – Voltando aos anos 1830 – Novo grupo social emergia na Rússia.   A “inteligentsia” – postura crítica.
     16 – Nas vésperas da revolução comunista, em 1917 (em plena Primeira Guerra Mundial), o número de desempregados em indústrias e na mineração russas não era tão elevado, mas era concentrado em certos pólos, o que lhes deu enorme força de mobilização que desaguou na Revolução Comunista.
     (Pólos interligados por ferrovias – que ajudavam na interligação)
     Os Pólos:
Metalúrgicos – em Petrogrado
Indústria Têxtil – Moscou
Mineração -  Urais        
    OBS:  - clicar logo abaixo em Mais informações  para continuar a leitura do texto.   

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

BATE PAPO COM ESCRITORES – NA BIBLIOTECA PÚBLICA - CURITIBA

RESENHA DE BATE PAPO COM ESCRITORES – NA BIBLIOTECA PÚBLICA

Data:  27-10-15     - em Curitiba – PR
Tema: A Literatura Contemporânea de Curitiba
Escritores convidados:   Cristovão Tezza, Marcelo Sandmann e Cezar Tridapalli

Anotações por  - Orlando Lisboa de Almeida       orlando_lisboa@terra.com.br

     O Tezza, 63 anos, escreveu mais de 20 livros.  Li dele, O Filho Eterno.
     Ele é catarinense radicado há anos em Curitiba e tem inclusive doutorado em Letras.
     O Marcelo é escritor, professor universitário e músico.
     O Cezar, na casa dos 30 anos, é professor e escritor.   Teve o livro O Beijo de Shirley premiado em MG.    Começou a publicar em 2011.
     Tezza – Eu, quando jovem, já era leitor aqui na Biblioteca Pública do Paraná.   Disse que pela década de 70, até pela efervecência do mundo cultural lá fora, por aqui em Curitiba também havia o agito cultural.   Na ocasião, se fez até um evento que reuniu aqui vários escritores, inclusive Adonias Filho.  O evento foi no Prédio antigo do Correio.
     Lembrou que até a década de 70 havia ao redor de dez cinemas próximos à Rua XV, perto da Boca Maldita e o pessoal saia do cinema e reunia nos bares próximos para bate papo.
     Uma percepção dele:     O curitibano adora falar mal de si mesmo como povo.  Um sentimento profundo de inadequação.
     Passados os anos 70, na visão dele, houve um marasmo na parte cultural por aqui.  A universidade passa a dominar o discurso literário.
     O Brasil é um país muito atrasado no setor cultural, em particular na literatura.    Falou do divisor de águas.    Literatura pré internet e pós internet.
    
     Fala do Marcelo
     Antes de se dedicar à poesia, se dedicou à música.  Nos anos 80, tocou inclusive em Show no Teatro Paiol e outros espaços por aqui.
     O pai dele era professor de Língua Portuguesa.    O Marcelo sempre gostou de ler.  Fez curso de Letras na UFPR.   Esteve um tempo na Alemanha.   Deu aula na UFPR.
     Quando bem jovem, andou lendo inclusive Dalton Trevisan.
     Os professores de literatura da UFPR no seu tempo de estudante deixavam de lado a poesia e os poetas.
     Tinham um grupo de literatura no tempo da academia que se chamava “No Calor da Hora.”   O projeto da UFPR trazia inclusive escritores para bate papo com os acadêmicos.
     O Marcelo tem uma visão positiva do seu passado literário/cultural nos anos 80, 90 em Curitiba.   Uma percepção um pouco diferente da do Tezza.
    
     Fala do Cezar

     Ele também curtiu bastante a Biblioteca Pública de Curitiba.
     Fez Letras na UFPR e foi inclusive acadêmico do Marcelo.
     Ele notava que no seu tempo de acadêmico de Letras, na Universidade não se dava importância à literatura contemporânea.   Só focavam escritores de um certo passado.
     Hoje inclusive se cogita de levar as “letras” das mídias alternativas para o ambiente das Letras.   Novos tempos.   Ele ministrou aulas como professor no Colégio Medianeira aqui em Curitiba.   Professor de 1995 a 2015.    Em 2005 passou a atuar fora de sala de aula, em outras atividades em escola e só em 2011 lançou seu primeiro livro.
     A internet teria algum efeito negativo nos leitores, afastando-os um tanto dos livros mais profundos e ao mesmo tempo trazendo curiosidade para novos leitores e mesmo para gente criando textos, fazendo algum tipo de literatura.

     Há inclusive editoras por aqui.    Ele sente um tanto de falta de leitores por aqui.

        Continua na página abaixo...

PARTE FINAL - BATE PAPO COM ESCRITORES CURITIBANOS

     O Jornalista mediador perguntou aos escritores se eles enxergam algum traço comum ou diversidade nos autores Curitibanos contemporâneos.
     O Tezza disse que acha que há um traço curitibano.   Que Curitiba (seus escritores) tem uma obsessão FORMAL.  Citou como um dos exemplos o Jamil, que é bem conhecido no meio literário.    Todos correndo atrás do diamante lapidado.   Nossa literatura curitibana é muito introspectiva e pouco sensual.
     Até pouco tempo atrás os autores paranaenses mais conhecidos fora do Paraná eram o Dalton Trevisan e o Domingos Pelegrini.    A Lei Rouanet ajudou um bocadinho a profissionalizar o movimento cultural.    Destaca a questão dos poucos leitores.    Buenos Aires tem 400 livrarias e seria quase mais que o Brasil todo no setor.
     A fala do Marcelo
     Destacou dois extremos de diversidade do Paraná em escritores.  Num extremo o Dalton Trevisan e de outro a poesia da Helena Kolody.     Dalton – coesas, muito extremadas.
     Não há em termos de literatura uma “tradição local” curitibana na opinião dele.
     A fala do Cezar
     Para destacar a diversidade, ele cita o seu caso de gostar da literatura russa do século XIX.   Pode ser totalmente diferente do foco de outros autores.   Diz que se nota que os autores locais costumam convergir na abordagem brincando com o clima de Curitiba, que é bem peculiar.    Diz que a Academia tem o hábito de tentar agrupar os escritores em “escolas”.

     Perguntas do plenário
     Um jornalista que cursou Letras.     Aos escritores que foram ou são professores, se a profissão de professor ajudou ou atrapalhou no ofício de escritor.
     O Tezza deu aula de Português na Universidade.  Não deu aula de Literatura.   Acha que se fosse de Literatura poderia atrapalhar o lado escritor.
     Uma senhora fez uma “divagação” sobre os velhos tempos em que o Paraná tinha uma Secretaria de Educação e Cultura, tudo junto e misturado.  Se isso teria sido bom ou ruim para a literatura, ela pergunta.
     Os tempos eram outros, houve várias falas.
     O Cesar (que está na casa dos 30 de idade), foi professor desde 1995 até hoje.  20 anos no ramo, sendo que em sala mesmo, foi até 2005 e depois em outras atividades no campo da educação.   Foi só em 2011 que editou seu primeiro livro.   Depois do tempo em sala de aula.
     Foi citada meio de passagem uma entidade (Assis Brasil) do RS que teria algo como oficinas para escritores e teria havido resultados satisfatórios, lapidando talentos.
     Tezza – Temos uma história como conservadores em Curitiba.
     Ele citou inclusive a administração do Jaime Lerner que fez profundas alterações e modernizou a cidade de Curitiba e na época os intelectuais locais eram contra o citado governo e suas obras.
     O Tezza disse que esteve na China e constatou que por lá quase nada se conhece dos autores brasileiros.  Só conhecem mais o Jorge Amado.
     Que em outros países esse quadro quase não muda na visão dele.
     Ele destacou que o Jamil é forte fora do Paraná inclusive, como poucos daqui.
     Disse que lá fora as pessoas abordavam nossos editores buscando aquela visão das mulatas, praias, carnaval, etc.    Na atualidade, nos procuram com foco em livros que abordam morros, comunidades, violência, drogas, etc.

     Este foi o apanhado que consegui fazer do que foi o bate papo com os escritores na Biblioteca Pública do Paraná.      (Espero que tenha retratado de forma razoável o que lá foi dito)

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

LIVRO - A MEDIDA DO EXAGERO E O APOCALIPSE CRISTÃO (Resenha)

RESENHA DO LIVRO –  A MEDIDA DO EXAGERO E O APOCALIPSE CRISTÃO
Autor:   Caetano Fischer Ranzi – Editora UFPR -  setembro de 2015    (190 páginas)

Elaborada a “resenha”  (um pinçamento dos destaques segundo o critério do leitor Orlando Lisboa de Almeida                  orlando_lisboa@terra.com.br

     O autor é psicólogo com mestrado na área e exerce atividade clínica e de docência.

     Página 13 -  Cita o escritor  turco O.Pamuk, prêmio Nobel em literatura.  Desse autor eu li um livro e gostei muito.
     14 -  Em 1920 os USA detinham 42% do PIB mundial e consumiam 40% das matérias primas que eram exportadas pelas nações.
     16 – Da visita do autor ao Japão -  Viu muitos fumantes, além de excessos na bebida.
     17 – Fala um pouco da corrupção no Japão com destaque em caso que foi amplamente noticiado nos anos 1992-1993 envolvendo inclusive o governo da época.
     18 – Discorre um pouco sobre a Alemanha, que o autor conheceu.   Povo ferido das suas glórias do passado pela derrota na IIª Guerra Mundial.   Já na época em que esteve por lá, notou a preocupação do povo alemão com a “invasão” dos muçulmanos que para lá emigraram.   Medo de num futuro, os muçulmanos ultrapassarem o número de alemães na própria Alemanha.    Fala também um pouco do peso da igreja e seu poder.
     18 – Alemanha e o grande esforço e preocupação na questão ambiental.
     25 – “Pretende-se estudar a propensão da sociedade Ocidental de orientação cristã em não acreditar em limites e sua conseqüente propensão ao exagero”.  (negrito do resenhista, não do autor)
     32 – Max Weber e abordagem sobre marxismo, capitalismo, protestantismo.  
     32 -  O protestantismo e a crença de que Deus abençoa os bem sucedidos economicamente.    Atingir o ilimitado (capitalismo) sem medida.
     33 -  Entra o enredo no século XX e no cenário da crise ambiental.
     33 – Ulrich Beck – ações humanas... produção de riscos globais  (ambientais).   E o efeito bumerangue – o homem provoca e as conseqüências ambientais aparecem.
     33 – Conceito de irreversibilidade (na questão ambiental) – por Ilya Prigogine.
     34-   Discorre um pouco sobre Jung e Freud.    Eu, leitor leigo, grosso modo e de forma sintética no entendimento.      Jung e perguntas – Freud e respostas.
     42 – Comte – Positivismo.   “Religião da Humanidade”     “Na religião positivista, a terra seria adorada, a humanidade santificada e os mortos honrados”.
     49 – No contexto do pensador  Zoja -  “O ser humano não tem mais a quem culpar a não ser a si mesmo.”    (angústias, etc)
     51 – Mensagem de Hobsbawm -   “Não sabemos para onde estamos indo...  Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar.”
     (ele é um dos maiores intelectuais e pensadores dos tempos recentes)
     59 – Sócrates (há até dúvida de que ele realmente existiu) seria um sujeito “feio”.  Até o filósofo Nietzsche se refere a ele como feio.
     59 – Sócrates e seu sistema de marêutica – ir “arrancando” idéias dos seus discípulos, instigando-os a pensar e refletir.
     59 – No tempo de Sócrates, no templo de Delfos, Oráculo do deus Apolo, na fachada, a inscrição :  “Conhece-te a ti mesmo”.
     60 – Sócrates com suas idéias e reflexões causou reboliço.    ...”foi acusado de desvirtuar a juventude, de fortalecer a razão mais fraca e com isso desafiar os Deuses atenienses.”     Eu leitor, destaco – a civilização grega tinha seus próprios deuses.
     67 – Sócrates viveu uma transição entre o pensamento mítico e o pensamento racional.
     68 – Tanto Sócrates quanto Jesus nada escreveram”.
     69 – Sócrates -  A noção de medicina para os gregos.   O radical da palavra é med  com significado de medir.   Isso num contexto de opostos, riscos e exagero.
     71 – Vocábulo grego kathárdios  - purificador de almas.    (suponho que desse termo surgiu a palavra catarse)
     71 – Apolo...   o médico dos deuses.   Sua cura não é somente física.   ...   “Assim como é guia das curas médicas também é o tutor dos poetas.  Enquanto os primeiros curam por esforço, os últimos curam por encantamento.   (Brandão – 1999 – pg 86)
     72 – Consciência – tendo como base a conceituação da Psicologia Analítica já exposta, pode-se afirmar que não existe só aquilo que se ilumina, pois ainda existe aquilo que não é iluminado.
     76 -  A serpente que figura no símbolo da medicina é a que renasce, que muda de pele e que tem acesso ao futuro.
     79 – Psicologia Analítica - ....”condizentes com a noção de que a razão é limitada”.
     83 – Racionalidade médica -  “Há uma mudança que generaliza e simplifica a doença, fazendo o doente existir em segundo plano.  Uma medicina que classifica, identifica e age.    (no meu exagero de leitor:   parece consertar um carro...)
     92 – O homem -  Há uma reflexão sobre o homem no plano material e não material.  Mais uma do leitor aqui -  e os outros animais?  E os vegetais?  Só matéria? 
     106 – Sobre memórias de fatos, etc.   ...”existem emoções e lembranças, mais ou menos, conscientes.”      (ao recordar fatos do passado, somamos o real e o imaginário)
     107 – Fala de passagem sobre o fenômeno do espiritismo.
     108 – Uma explicação da ação e da interação consciente e inconsciente.
     112 – Questão do diferente e do comum.   (trocar idéia com o autor sobre a experiência paranaense dos assentados da Copavi – Coop.Paranaense Vitória no município de Paranacity-PR que fazem o uso comunitário do solo agropecuário)
     112 – O ser humano é instável.
     113 – O risco ambiental entra na pauta da ciência de forma mais enfática.
     114 – O desafio.   “A crise ambiental expressa um questionamento sobre a natureza da natureza e do ser humano no mundo...”  (citando Leff – 2007)
     117 – Cita Weber e estudos que inclui o protestantismo – a riqueza como benção.
     118 – “Uma sociedade de mais comum seria a alternativa para diminuir o exagero das diferentes classes”.    O comum aqui tem um sentido específico.
     120 – Fala sobre o risco global – na pauta ecológica.
     121 – Usina nuclear de Chernobyl e a explosão nuclear.
     122 – A pobreza e o risco maior.   (inclusive os bolsões de pobreza são explorados por indústrias poluidoras – mão de obra barata, etc.)
     123 – O diabo da fome...    (lembra inclusive os catadores dos lixões)
     124 – O risco e o futuro “inexistente”.
     141 – O homem Ocidental.  O iluminismo – orientado para o fato e a lógica.
     Ele negligenciou em grande parte...  os aspectos emocionais e intuitivo do homem.
     142 - ... “tentar evidenciar uma realidade maior que a consciência humana.  Uma realidade que possui autonomia e que resiste ao entendimento, domínio, iluminação, que a razão pode propiciar.”
     142 – P.Analítica – interpretar...   “Este processo é chamado de projeção e caracteriza a complexidade com que lidamos com a realidade.”
     143 – Projeções -    (eu como leitor fico a imaginar – quem segue a fé cristã teria um só Deus, mas quem sabe cada um o “vê” de uma forma particular e pessoal, quem sabe)
     143 – Percepção da realidade ...  “tem-se agora uma realidade tão complexa quanto é complexa a percepção.”
     144 – Para a P.Analítica, portanto, a linguagem humana é metafórica.
     144 – “Um símbolo não se define nem explica”.    (Jung – 2000 – página 278)
     144 – “Abandonar-se-ia a idéia de que a ciência evolui para um estado de perfeição, realidade.”
     144 -  Nessa perspectiva a religião e a mitologia são também metáforas.
     145 – Jung     “Que a vida de Cristo (por exemplo) seja um mito, nada depõe contra sua realidade, e eu quase diria: muito pelo contrário, pois é o caráter mítico de sua vida que exprime justamente o seu valor humano universal.”
     146 - ... o Ocidental -  O risco de exagerar na razão.   “... a razão não possuiria limites e consequentemente não precisaria de medida.  No paralelo, seria como “solucionar” a diferença entre o consciente e o inconsciente e se controlaria tudo.
     146 – A pergunta – “Qual a versão do mito cristão sobre a medida do humano?”
     149 – Cita Jung.    “... jamais somos nós que possuímos uma convicção, mas é ela que nos possui.”
     150 – Apocalipse – do grego – ato de descobrir; revelação.
     152 – Cita White (1974)  “Nós precisamos repensar e novamente sentir a nossa natureza e destino.”
     153 -  Mateus (5: 17)  “Não julgueis que vim abolir as leis ou os profetas.  Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição”.
     154 – Deus, segundo a Biblia, criou o homem e só colocou um limite:  que ele não comesse o fruto do bem e do mal...
     155 – Tentar transferir a culpa.  Adão tenta repassar à Eva e esta, à serpente.
     159 -  O dilúvio como sacrifício.   Diante dos exageros da ambição de conhecimento, da emoção do apego e da emoção da violência.
     162 – Satanás – quer dizer adversário.
     164 – Caim, Isaac, Jô -  provações por desígnio de Deus.
     ... metáfora....    assim o Ocidente selecionou e interpretou um símbolo de acordo com sua própria necessidade.
     164 - ... “Deus e os homens se relacionam buscando uma medida contra o exagero...”
     165 – Jesus – do hebraico – Salvador.   Messias – consagrado por unção; Cristo – ungido.
     166 – Satanás como parte da obra do Criador.
     167 – Batismo de Cristo no Espírito Santo e no fogo.
     169 – Cristo no Apocalipse  (1: 17-18)
     170 – O único pecado não perdoável no cristianismo:  o duvidar do poder de Deus.
     171 – Elias – do hebraico :  Jeová é meu Deus.
     177 – Visão de mundo...   perguntas sem respostas...   tem a ver com limite humano.
      179 – O capitalismo e a pobreza.   A idéia de crescer para reduzir a pobreza.
     181 – Ocidente – falta de limites, excessos, danos ambientais, etc.   “O Ocidente quer matar a humanidade.”
      180 – A primeira conclusão do autor:    O Ocidente possuir a sua própria mitologia.  Evidentemente a mitologia ocidental que desacredita a dinâmica da medida não se impõe sem resistências.”
     181 - Segunda conclusão -  O Ocidente quer matar a humanidade.
     181 – Capacidade de confrontar os obstáculos...
     18 2 – “Um momento de crise pode ser também um momento de transformações.”
     182 – “A fé no que acreditamos é que orientará o caminho que trilharemos.”

     183 – A dúvida como a chance de mudar a rota e salvar a pele.         FIM

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

PALESTRA COM O PROCURADOR DELTAN DALLAGNOL - LAVA JATO

RESENHA DA PALESTRA DO PROCURADOR DELTAN DALLAGNOL – LAVA JATO
Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Palestra realizada dia 26-08-15 no Teatro do Colégio Santa Maria (Marista) Curitiba-PR
Promoção do Rotary Club Curitiba Marumby
Tema: A SOCIEDADE CONTRA A CORRUPÇÃO
Na abertura foi lembrado que hoje é o Dia do Voluntariado
O Procurador Deltan ingressou aos 22 anos de idade na área jurídica do serviço público e tem doutorado em Harvard. Especialista em apurar crime financeiro. Começou a atuar no ministério público em 2002 e em 2005 atuou no caso das CC 5 do Banestado. Adiante, na fala dele, há umas cifras desse caso que ainda não teve um desfecho.
Foi dito pelo anfitrião do evento que os jovens estariam desanimados com o Brasil. Ficou até a questão: Mudar do Brasil ou mudar o Brasil?
A fala do Dr.Deltan – ele é o Coordenador da Força Tarefa que apura o caso Lava Jato.
No ministério público federal sua tarefa é técnica, imparcial e apartidária, segundo o mesmo.
Caso Lava Jato - Foram feitas 20 denúncias contra 104 pessoas. Houve 12 acordos de colaboração premiada. Recuperado até agosto-15 1,5 bilhão de reais. Foram 36 pedidos de cooperação internacional para ajudar a apurar os desvios.
Mostra como a ponta do iceberg uma cifra reconhecida de 6,2 bilhões de reais de desvios.
Ao longo do tempo no Brasil a estimativa é que a corrupção gira em torno de 200 bilhões de reais. Mostrou mapa da corrupção no mundo e o problema é generalizado em maior ou menor grau, com destaque para a Ásia em incidência. Numa escala dos menos corruptos aos mais, o BR ocupa a 69ª posição. Isto no mapa da Transparência Internacional – uma ong.
Mostrou o vídeo de uma reportagem de um advogado que declarou: No BR uma prefeitura não consegue colocar um paralelepípedo no calçamento de uma rua sem correr propina.
Para mostrar que o problema da corrupção vem de longe no BR, lembrou que um dos colonizadores logo no início da colonização deixou claro que não vieram para fazer o bem, mas para levar os nossos bens. Ouro, madeira, etc.
Sobre a corrupção, disse que temos que conhecer um pouco do inimigo.
Diante dos fatos o Ministério Público Federal sugere que a Nação tem que propor mudanças sistêmicas para agilizar as averiguações e rapidez e mais rigor na lei para poder efetivamente punir os culpados. Atualmente as penas são brandas e são tantas instâncias para o réu recorrer que acaba desaguando tudo em prescrição e impunidade dela resultante. Isto tem que mudar através da mudança na lei. O MPF propôs um rol de 10 Medidas para alcançar essa mudança sistêmica e elas estão no site, no qual também há o formulário para os abaixo-assinados em apoio. Pretende-se colotar 1,5 milhão de assinaturas para entregar ao Congresso e lutar para que as leis sejam alteradas e assim conseguir criar meios para averiguar e punir culpados.
www.combateacorrupçao.mpf.mf.br/10-medidas (fazer busca na internet)
Corrupção – duro de descobrir, duro de provar, risco de anular o processo (por algum detalhe), demora na tramitação, risco de prescrição, penas brandas. Situação atual.
Quando conseguimos executar a pena, esta vai de 2 a 12 anos independente do valor desviado. E cumprido ¼ da pena o réu já tem direito ao indulto. Hoje o desonesto ve nisso a impunidade e acha que vale a pena o crime do gênero. Corrupção e impunidade andam de mãos dadas. Tem que mudar isso.
Citou alguns especialistas mundiais em combate à corrupção, sendo um deles Michael Sandel.
Estudiosos tem feito estudos de custo e benefício no caso de combate à corrupção. Confronta fatos e leis dos países sobre o tema. Corrupção é um crime racional. O do delito analisa se vale a pena o risco para o benefício.
Hong Kong era um caos em corrupção. Fizeram mudanças severas nas leis ao ponto de muitas empresas se mudarem para outros países. Hoje estaria em 16º lugar no ranking da corrupção, partindo dos mais honestos. Mudou muito para melhor. (Relembrando, o BR em 69º lugar)
Ele disse que hoje há uma janela de oportunidade de mudar isso no Brasil. Citou a respeito inclusive uma frase do historiador (não me lembro bem o nome) ? José Murilo de Carvalho.
Voltou a falar das 10 medidas propostas para mudança da lei visando o combate mais efetivo da corrupção. Destacou que o Juiz Sergio Moro foi o primeiro a assinar o abaixo assinado sobre as 10 medidas.
Disse que nós cidadãos também temos que rever nossos costumes e combater as pequenas corrupções do dia a dia. Não tentar subornar o guarda de trânsito, não ocupar vagas de cadeirantes, não levar material de escritório da empresa para casa, etc.
Teste em NY onde deixaram 20 carteiras com dinheiro e documentos (inclusive endereços/fones) em lugares distintos pela cidade. Todas foram achadas e devolvidas. Como seria por aqui?
É proposta inclusive a criminalização do enriquecimento ilícito. Fica o réu na situação de ter que tentar provar a origem da sua riqueza, quando é colocada em dúvida.
Pretende-se que a corrupção seja colocada como crime hediondo na lei e penas maiores, de 12 a 25 anos. Penas maiores para valores acima de R$.80.000,00 em valores atuais. Ler as medidas no site do MPF.
Sobre a morosidade que gera impunidade citou um caso que se chamou Propinoduto dos fiscais do RJ. Ocorreu o evento em 1999/2000. Dos sucessivos julgamentos em diferentes instâncias, um destes ocorreu em 2014 (em terceira instância). A maioria dos crimes já estão prescritos no caso e ainda há recursos. Estima-se que o desfecho será por volta de 2021. Corrupção comprovada, 36 milhões de dolares bloqueados no exterior, mas não vai dar em nada, infelizmente.
Dentre as medidas propostas está a recuperação do lucro derivado do crime.
Não perca a capacidade de se indignar com a injustiça, conclama ele. Se o brasileiro é aquele que não desiste nunca, nós não vamos desistir do Brasil, completa.
Caso Banestado – lavaram 35 bilhões de dinheiro de corrupção. Houve uma porção de ações penais, só uma ainda tramita. Não alcançaram o objetivo.
Ele disse que no caso o nosso sistema é feito para não funcionar e temos que mudar isso.
Somos convidados a:
Colher Assinaturas no abaixo assinado para as 10 medidas propostas pelo MPF
Enviar cartas de apoio a essas medidas
Ação em 02-09-15 quando os abaixo assinados serão entregues ao Congresso.
No Facebook. Mude.chega
Não devemos desistir dos nossos sonhos. Temos que agir para mudar tudo isso.
Contato: comunicação - Liliana F. Pereira lilianafrazao@mpf.mp.br
Na ocasião o palestrante recebeu do Rotary o Título de Companheiro Paul Harrys, uma elevada distinção a quem tem ações marcantes dentro dos princípios que são caros ao clube.
No agradecimento geral que ele fez, destacou que o trabalho que faz é em equipe e agradeceu à equipe citando inclusive o apoio dos estagiários. Um gesto cidadão.
A palestra durou uma hora e foi bem concorrida e nos parece que cumpriu com o objetivo.
orlando_lisboa@terra.com.br

sábado, 8 de agosto de 2015

RESENHA DAS PALESTRAS DE PROFESSORES DA UNICAMP



Anotações feitas pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida
             orlando_lisboa@terra.com.br
Data e local:   07-08-2015 no auditório do Senge Sindicato dos Eng. do PR
Promoção do IDP Instituto Democracia Popular de Curitiba (foco na luta pela regularização das ocupações urbanas)

Tema:    O mundo do trabalho na atualidade
Palestrantes – Professores da UNICAMP – Amilton Moretto e Eduardo Fanhani

Resumo das falas do professor Amilton
     As pessoas de melhor condição econômica no Brasil comumente acham que o miserável é assim porque não tem iniciativa, é vagabundo.
     Lembrou que muitos dos que recebem Bolsa Família tem emprego, mas ganham abaixo do necessário e a Bolsa Família acaba sendo importante no contexto.
     Citou a escala usual na condição -   Indigentes, pobres, vulneráveis, outros.   
     Nos dias atuais é comum o setor de RH Recursos Humanos das empresas ter como ponto de corte a exigência de segundo grau aos candidatos a emprego.   As pessoas das classes mais baixas da população, por falta de oportunidade, tem escolaridade abaixo do segundo grau e acabam ficando de fora na disputa pelas vagas.     Baseado nessa constatação, fica demonstrado que mesmo havendo aquecimento do mercado de trabalho, os menos favorecidos acabam ficando de fora dos empregos formais.    Pesquisas revelam isso.    
     Do ano 2000 para cá, tivemos uma melhoria significativa na distribuição da renda no Brasil.   Mas ainda a injustiça social é grande em nosso País.  Em 1970 os pobres no Brasil eram 60% da população total.   Citou bastante dados do PNAD Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar – IBGE.
     O crescimento da nossa economia de 2000 para cá ficou entre 3,5 e 4% ao ano com melhoria do emprego e renda.  Reduziu a pobreza no País.
     A política de reajustar o Salário Mínimo acima da inflação na década também ajudou a melhorar a distribuição de renda.
     Falou da moradia popular e lembrou que além de abrigar a família, muitas vezes é também um local onde o morador elabora produtos para obter renda quando não tem um emprego formal.
     Mostrou dados oficiais (IBGE) de 2010 sobre as residências de pessoas pobres que vivem com renda familiar de até R$.70,00 por mês.  Pelo Censo Demográfico de 2010, temos no Brasil:
     4.009.433 domicílios cujas famílias ganham até R$.70,00 por mês.
Destes domicílios:
     42,6% sem abastecimento de água potável
     32,1% sem banheiro
     44,4% sem coleta de lixo
     66,4% sem esgoto sanitário
      7,6%  sem energia elétrica domiciliar
     Ele citou uns dados que foram publicados na Folha de São Paulo em fev/13 com resultados da Auditoria Cidadã da Dívida pública brasileira.
     Percentual do Orçamento da União:
     0,04% aplicado em saneamento básico
     3% em educação
     44% em juro e parcelas pagas da dívida pública.
     Comumente quando há corte no Orçamento da União, os itens mais afetados são os que atendem as pessoas de baixa renda.
     O governo está elevando a taxa de juros buscando reduzir a inflação.  O pesquisador disse que há outros meios de combater a inflação sem elevar os juros que elevam nossas dívidas.
     Defende obviamente que se gaste com critério e se corte despesas desnecessárias, mas o caminho atual não tem sido a melhor forma.
     Lembrou que o desemprego em 2002 quando o Lula assumiu era de 12% e foi caindo para abaixo de 6%.   Agora com as condições desfavoráveis da economia, o desemprego está se elevando.
     Ele disse que foi constatado por estudos que um dos grandes problemas do nosso mercado de trabalho formal é a rotatividade da mão de obra.   Ao ponto de ocorrer o seguinte:   Nestes tempos em que houve aumento do emprego, por conta da rotatividade da mão de obra, também houve aumento do pagamento de seguro desemprego.      Defende que há de se atacar as causas da rotatividade da mão de obra.   Citou dados do FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador – do Ministério do Trabalho.    De 2003 a 2013, um período de elevação do emprego, houve uma elevação de 70% no número de beneficiários do seguro desemprego por conta da rotatividade acima citada.

                  Estes foram os dados que consegui anotar da fala do professor, da forma que consegui entender e espero que seja útil às pessoas que buscam um entendimento maior sobre o tema. 
    
(a segunda palestra, do Professor Eduardo Fanhani eu publico logo que colocar a mesma no Word)




segunda-feira, 13 de julho de 2015

RESENHA DO FORUM LIXO & CIDADANIA – CURITIBA – PR

                                                  
                                                       

RESENHA DO FORUM LIXO & CIDADANIA – CURITIBA – PR -  02-07-2015

     Anotação pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida     orlando_lisboa@terra.com.br

     O evento que tem reunião mensal (primeira quinta-feira do mês) ocorre no Auditório do 9º TRT de Curitiba – PR   Tribunal Regional do Trabalho na parte da manhã.
     A mesa foi constituida pela anfitriã Dra.Margaret (Procuradora do Trabalho), pelo Dr. Sinclair que é Promotor Público e pela lider dos catadores de recicláveis – Marilza que é membro da diretoria da entidade nacional dos catadores – MNCMR Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Reciclaveis e de associação regional do ramo – cooperativa Cataparaná.  
     Os catadores contam com assessoria do Instituto Lixo & Cidadania que tem pessoal técnico aqui em Curitiba e apoia as ações e organização do setor no Paraná.    Acompanho há quase uma década o trabalho desse setor desde quando residia em Maringá-PR e noto que das entidades da chamada Economia Solidária consta que o movimento dos catadores é o mais organizado no Paraná.  Inclusive a Marilza (lider dos catadores) já esteve em evento da ONU em Nova Iorque a convite daquela entidade para explanar sobre os trabalhos que vem sendo desenvolvidos por aqui.   É certo que ainda há muito a ser feito, mas já conquistaram muita coisa em termos econômicos, políticos, sociais e ambientais, com ganho para eles e para toda a sociedade.
     Foi dada a palavra à Maria das Bonecas, uma lider comunitária que veio de Londrina e atua por aqui fazendo e ensinando pessoas a fazer artesanatos a partir de recicláveis, agregando valor e gerando renda.    Atualmente ela está com uma turma de vinte aprendizes na comunidade de Vila Torres, local onde se concentra bastante gente de baixa renda.    Ela disse inclusive que estão precisando de patrocínio de alguma empresa para ajudar o trabalho com artesanato seja ensinado às interessadas que já estão em processo de aprendizagem.     Ela usa como lema do seu trabalho a frase de que é melhor educar uma criança para depois não ter que punir um adulto.   Citou o uso de panos de sombrinhas que são descartadas quando alguma pequena peça deixa de funcionar e o pano está novo.   Usa o pano para fazer rabicó para prender cabelo e outros itens de artesanato que viram renda para as artesãs.    Ela disse que o trabalho dela tem o nome de Projeto Casa na Árvore Maria das Bonecas  e que está disponível no Youtube. (continua)....

quinta-feira, 21 de maio de 2015

EVENTO PELOS 130 ANOS DA FERROVIA PARANAGUÁ – CURITIBA

                        crédito da foto - Google

     Dias atrás eu fui visitar o Museu Ferroviário de Curitiba que fica anexo ao Shopping Estação, este que ocupa boa parte que era a antiga Estação Ferroviária da cidade.   No contato que fiz lá, arranjei mais um amigo de Facebook, este que recentemente me convidou para o Evento dos 130 anos.
     Foi um bate papo com especialistas da área para um público que não era tão grande, mas composto em geral de gente que tem afinidade  e paixão pelas ferrovias.   Inclui pesquisadores científicos.
     O evento foi no Teatro Regina Vogue que fica dentro do Shopping Estação, no dia 19-05-15 a partir das 19 h.
     Compuseram a mesa as seguintes pessoas:
     Aimoré Índio do Brasil Arantes – Historiador da Coordenadoria de Patrimônio Cultural do Estado do Paraná.
     Henrique Paulo Schimidlin (Vitamina) – Curador do Patrimônio Natural do Paraná e Montanhista.
     Juliano Martins Doberstin – Historiador do IPHAN – PR  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
     Adonai Arruda Filho – empresário da Serra Verde (trem turístico Serra do Mar)
    
     Fala do Aimoré
     Havia em várias partes do BR cursos técnicos para formar mão de obra ferroviária.  Um dos cursos que chegaram mais perto dos dias atuais (extinta há dez anos) antes de ser fechado foi o de Mafra-SC.    
     Curso de Museologia – teve um aqui em Curitiba que formou 3 turmas e depois encerrou as atividades.
     Museu como espaço pedagógico e muito mais.   Para se ter um Museu há vários requisitos legais como pessoal com formação em História, Museologia, etc.
     Ferrovias -  no passado, transportando inclusive passageiros, foram importantes meios de encurtar distâncias, propiciar lazer, dentre outros.
     Havia vagões de primeira classe com bancos estofados e de segunda classe com bancos de madeira.  Eram de madeira, mas não deixavam de ser confortáveis.
     Quando um dos palestrantes era criança, fez uma viagem de trem para Ibiporã-PR que fica vizinha de Londrina-PR.   24 horas de viagem.   O trem ia rumo à divisa com São Paulo lá pelos lados de Ourinhos e de lá, seguia em “baldeação” para Ibiporã.
     A Dra.Vania, professora, é uma estudiosa da História das Escolas e dentre estas, pesquisa as escolas que davam formação para mão de obra ferroviária. 
     O historiador lembrou que a ferrovia Paranaguá-Curitiba trouxe do porto muito suprimento para Curitiba e o interior do Paraná e de outro lado, levou para o porto muita madeira nativa da mata atlântica do Paraná.   Hoje temos menos de 7% da mata nativa.  O café também foi desde longa data escoado em parte por ferrovia para o porto.
     O atual Paraná Clube é um sucessor do antigo Clube Atlético Ferroviário de futebol.   Não é por acaso que o estádio desse clube fique encravado na região da Estação e pátio ferroviário de Curitiba-PR.  (Estádio Lourival de Brito).
     Foi dito que a ferrovia, por ter se iniciado de Paranaguá (cidade mais antiga) rumo a Curitiba, poderia ser citada como Ferrovia Paranaguá-Curitiba, nessa ordem.

     Fala do Juliano – do IPHAN-PR
     Ele tem formação em História.    Falou da lei 11.483 de 31-03-2007 que extinguiu a RFFSA Rede Ferroviária Federal  S.A e colocou os bens e equipamentos de interesse histórico no “colo” do IPAHN.  
     Tratam a estrutura da estação e oficinas do trem em Curitiba com o nome de um dos engenheiros pioneiros – Teixeira Soares.  
     Mostrou fotos de parte do acervo.   Muitos sinos, relógios que ficavam nas estações, etc.     Disse que a UFPr vai utilizar parte do espaço do parque ferroviário de Curitiba para expansão da mesma.     A entrada para o complexo Teixeira Soares / estação Curitiba tem acesso pela Rua João Negrão.
     O IPHAN fez o inventário do acervo aos seus cuidados.    Há atualmente 8.125 peças ligadas à ferrovia aqui em Curitiba para Cessão a terceiros.    Entidades, que podem incluir Prefeituras que tenham a ver com a ferrovia na história das mesmas.
     Curiosamente, primeiro teria havido o povoamento de Paranaguá-PR e lá havia o porto e com o tempo surgiram dois caminhos para Curitiba.   O mais íngreme, o Caminho de Itupava, que pegava os trechos mais difíceis da Serra do Mar.    E havia lá pelos lados de Morretes e Antonina, o Caminho da Graciosa, que fazia um percurso menos íngreme.   
     Primeiro, havia trilhos para transporte de mercadorias no ombro das pessoas, no lombo de mulas.   Antonina tinha também seu porto e começou a se desenvolver mais por causa do caminho da Graciosa.     Quando foram construir a ferrovia, por pressão política (havia até Senadores que eram de Paranaguá) acabaram optando pelo caminho mais íngreme ligando Paranaguá a Curitiba.
     Os 110 km de ferrovia foram feitas em apenas cinco anos, sendo dois sob a batuta do engenheiro francês Ferruci, que teria projetado toda a ferrovia e tocado a obra lá na planície litorânea por dois anos.   O trecho mais desafiador da execução da obra ficou a cargo da engenharia brasileira com destaque para o engenheiro Teixeira Soares e os irmãos engenheiros Rebouças, que tiveram inclusive estudos na França.    Curiosamente ambos eram negros.    Perto da estação de Curitiba há uma rua que tem um nome incomum por homenagear duas pessoas.    Rua Engenheiros Rebouças.    Mais que justa homenagem.
     Teixeira Soares tem inclusive cidade no interior do Paraná em sua homenagem.
     No trecho de serra onde passa a Ferrovia, tinha a Estação Marumbi e no pequeno povoado próximo havia uma Escola de Cantaria – a arte de trabalhar/entalhar a pedra para edificações, pavimentação, meio fio, estátuas/monumentos, muros de arrimo, etc.
O profissional do ramo é o canteiro.
     Mostrada uma foto antiga de um casarão que foi amplo e servia inclusive de escritório de apoio da ferrovia na estação Ipiranga, no trecho da serra.   Atualmente o casarão, que era de alvenaria, sólido, não existe mais.

     Fala do Adonai -  Serra Verde – Trens turísticos

     Mostrado filme institucional da empresa com os passeios de litorina e trem de passageiros pela Serra do Mar.    Eles tem divulgado inclusive em feiras de turismo no exterior o passeio e tem tido boa resposta.
     Mostrou a foto da ponte São João – toda em estrutura de ferro.   A ponte no passado só se apoiava nos barrancos do rio, sem pilares intermediários.   Quando começaram a usar no trecho as locomotivas diesel com mais vagões, tiveram que reforçar a ponte e ela ficou com a feição atual.
     A mesma empresa tinha a concessão do trem de passageiro (Tem do Pantanal do Mato Grosso do Sul).  Começou a operar com turismo em 2009 e ele disse que entregaram a concessão em março deste ano.  Não compensava.
     Citou alguns estados nos quais tem trens turísticos como RS, SC (Piratuba), PR, MG, ES.
     Tem um site da BWT ligada à Serra Verde que busca divulgar e vender pacotes para várias ferrovias no Brasil.
     Eles procuram preservar o meio ambiente em sua atuação na Serra do Mar.  Tem certificação do Instituto Falcão Bauer de Sustentabilidade.     Costumam toda quarta feira dar 40% de desconto no trem turístico pela Serra do Mar.       Disse que o trecho deu prejuízo por nove anos seguidos, mas depois passou a trabalhar em azul.    Disse que a oficina das litorinas pode ser visitada e fica no início da Avenida Silva Jardim em Curitiba-PR.
     Convidou o público para um evento de ferromodelismo que ocorrerá nas dependências da Serra Verde (ao lado da Rodo-ferroviária de Curitiba), entrada franca no dia 20-06-15.    Seria o dia todo.
     Alguém do plenário lembrou que parece não ter um esforço em captar para a história os depoimentos dos ferroviários que estão idosos.   Quando estes se forem, teremos uma lacuna irreparável.   Foi algo bem lembrado, por sinal, como sugestão de iniciativa.

     Isto foi o que consegui destacar e espero que estimule as pessoas a visitarem o Museu Ferroviário de Curitiba.  Vale a pena.      Já fiz o passeio de trem pela Serra do Mar e é maravilhoso também.
    
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sábado, 16 de maio de 2015

RESUMO DO FORUM LIXO& CIDADANIA - 14-07-2011

          
           Anotações pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida     


     O evento foi realizado nas dependências da UEM Universidade Estadual de Maringá (Maringá - PR), no DACESE – bloco 125 -    Início 19.30h  e contou com duas explanações, sendo a primeira com os convidados da cidade de Tibagi – PR que tem um trabalho interessante no tema e a segunda palestra por conta de um representante da empresa Foxx que está sintonizada com o propósito do poder público municipal de Maringá no sentido de incinerar o lixo urbano.

     Palestra do pessoal de Tibagi-PR.    O tema deles é “Recicla Tibagi”

     O projeto em andamento lá resulta de um convênio entre a Prefeitura local e as Associações de Catadores de Recicláveis de Tibagi.   Um pouco sobre o município:
     Tibagi-PR é o segundo município do estado em extensão territorial.  Tem 20 mil habitantes e é o maior produtor de trigo do Brasil.
     Citadas as duas leis e resoluções que deram amparo ao trabalho deles.   A lei federal atual exige que todo serviço relativo aos resíduos sólidos urbanos tenham uma parcela de separação dos recicláveis a cargo de pessoas da comunidade, numa visão inclusiva do ser humano.
     Eles lá fizeram e está operando o Centro de Triagem e Compostagem de Tibagi.   Foi elaborado um projeto e divulgado à comunidade que apóia o serviço.   O caminhão de coleta do lixo puxa uma carretinha preparada para o lixo reciclável para atender aquelas pessoas que podem se enganar com os dias de descarte do reciclável.
     No galpão de separação da fração reciclável, ao invés da esteira convencional (que é cara) eles adaptaram aquelas telhas amianto grandes, tipo calhetão sobre cavaletes para dar a altura adequada à pessoa para trabalhar em pé separando o lixo.
     Os recicladores, através de convênio, são remunerados pela prefeitura em 1 salário mínimo, transporte ao trabalho, três refeições por dia mais uniforme adequado.   Além disso, as muitas mulheres que trabalham na varrição de ruas, têm jornada de 4 horas e quem tem filhos que precisa de creche, tem 100% de atendimento por conta da prefeitura.   Afinal esse pessoal presta um serviço relevante para a comunidade.
     Compostagem:   A  parte orgânica e molhada do lixo vai para a compostagem que dependendo do clima pode demorar de 35 a 90 dias.    A compostagem pronta se torna um excelente adubo orgânico que eles estão usando em três estufas para produção de flores que são colocadas pela prefeitura ou adquiridas pela comunidade.    Como dizem:   lá nosso lixo vira flor.   A produção de compostagem não consegue suprir a demanda local.    Para cada 1 kg de material orgânico que entra no processo, gera-se 0,6 kg de compostagem.     Apenas uma pessoa tem dado conta de cuidar das três estufas.

     Objetivos dos trabalhos deles   (são 80 recicladores – coleta – varrição de ruas e separação de recicláveis no galpão)
Ø      tratar os resíduos sólidos urbanos
Ø      criar trabalho e renda para o pessoal carente
Ø      proteger a saúde pública
Ø      reciclar resíduos e acabar com o lixão
     Eles tem um sistema e recolhem inclusive o lixo eletrônico e dão o destino correto.

     Destaque:   Após o processo de separação do reciclável e do material que vai para compostagem, prensam (compactam) para reduzir volume do que sobra e resulta em apenas 20% do lixo que vai para o aterro sanitário.   Com isso o aterro prolonga em 12 vezes sua vida útil.
     Eles tinham na cidade problema com aranha marron e escorpião.   Fizeram campanhas pela mídia local e realizaram bota fora de lixo, entulhos dos quintais e solucionaram o problema das aranhas e escorpiões que se proliferam em lugar onde há lixo e entulho.
     Pneus velhos – eles têm convênio com oficinas e lojas de pneus para articular o descarte correto e destinação adequada aos pneus velhos.   Ganha o meio ambiente.    Iniciaram suas atividades em 04-01-2009 – ACAMARTI Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Tibagi.
     Inauguração:  29-05-2009.   LO Licença Operacional 18.481         O trabalho deles tem sido premiado e repercutido, levando muitas pessoas e entidades a visitarem a cidade, ao ponto deles precisarem organizar uma agenda receptiva e as visitas são pré agendadas sempre para as quintas feiras.     No site oficial da prefeitura há dados também sobre a entidade.       www.tibagi.pr.gov.br  .   E-mail meioambiente@tibagi.pr.gov.br    fones (42) 39162151   e 88161189
     Na parte de Educação Ambiental – resumo das ações que eles fizeram e vem fazendo:
Ø      produção e distribuição de material informativo impresso
Ø      inserção de spot na emissora de rádio local
Ø      publicação de ações no site da prefeitura e jornais
Ø      realização de peças teatrais amadoras
Ø      palestras de divulgação.
     Frações do lixo local:
     Reciclável seco                   25%
     Rejeito/inservível                 16%          (45 toneladas por mês)
     Reciclável orgânico 56%          (158 toneladas por mês)
          A entidade já ganhou muitos prêmios pela forma de atuação, inclusive o título de Cidade Limpa, sendo a primeira cidade do Paraná a conquistar esta premiação.
     Contaram com o apoio de um técnico em Saneamento Sanitarista para dar suporte aos trabalhos da entidade.         (a palestrante deu o recado em 30 minutos)


     Segundo Tema:      “Central de Recuperação Energética de Resíduos”
                                        Alexandre – empresa Foxx

     Ele, sabendo que o público tendia mais para a forma de destinar os resíduos sólidos acima citado, ressaltou que acha o sistema razoável, principalmente para cidades pequenas.      E o seu enfoque será para cidades de maior porte.
     Lembrou que na lei atual a ordenação básica exige:  Coletar, reciclar, tratar e dispor.  A meta da lei é acabar com o sistema atual de lixão a céu aberto.
     Ele fez uma explanação bastante técnica e usou muito o PPT Power point, com lâminas ricas em artes gráficas, porém com muita informação por lâmina, dificultando a visão de quem assistia a palestra.      (letra 10 para quem está distante uns 6 m... não dá). Ele citou o caso de SP que fez campanhas para reduzir o uso de sacolinhas plásticas e as indústrias das tais sacolinhas aumentaram a espessura das mesmas.   Assim, caiu em 70% o número de sacolinhas utilizadas, mas aumentou a venda de plástico dos fabricantes de sacolinhas.    Estamos vivendo a época das redes sociais na web e ações desse tipo podem, logo, logo, custar caro a tais empresas...  assim espero!
     Mostrou um fluxograma de uma indústria de incineração de resíduos sólidos numa lâmina de ppt.    Eu contei nesta lâmina 33 quadradinhos, cada um “explicando” uma parte do processo.   (em letra oito!).     Ele disse  que o desafio é, como manda a lei, articular  a ação dos recicladores (catadores de recicláveis, etc) com a indústria que trata os resíduos.     “O município que não tem coleta seletiva de lixo está ilegal”.    E nós do  plenário sabemos disso e estamos esperneando por aqui, inclusive a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente.    
     Ele falou muito da Europa, do Primeiro Mundo, para tentar respaldar o método da incineração.   Na Alemanha e França se usaria muito a incineração de lixo.    Em Paris eles conseguem, segundo citou, ao redor de 30% de recicláveis.    Disse  que em geral é a Europa é quem mais recicla e também quem mais incinera lixo.     Citou que da década de 70 para cá foram só 5 acidentes com gravidade nesse tipo de usinas.
     Na França houve um sério acidente (explosão) de uma incineradora e isso desacelerou o processo de uso desse sistema por um tempo, mas estaria o sistema em expansão por lá.
     Disse que na Alemanha a coleta e destinação do lixo não é da jurisdição dos municípios, mas sim dos estados.    Me parece algo razoável em princípio.
     A Espanha é o país da Europa onde se faz mais compostagem a partir do lixo urbano.
     A China implantou 90 usinas (unidades térmicas) de incineração de lixo.    
     No Qatar, que é um país pequeno e rico em petróleo, optaram por usar o material orgânico do lixo em compostagem no sistema fechado, que gera também o biogás.
     O sistema proposto é processado em usinas que queimam o lixo gerando calor e este gera vapor que fornece energia mecânica e esta gira turbinas que geram energia elétrica. No processo, são gerados gases tóxicos e 10 a 15% do material queimado sobra como cinzas.   Os gases tem que receber tratamento para recuperar os materiais tóxicos em suspensão e que são destináveis a aterros classe 1.  ( No PR só tem 1 aterro para esse tipo de resíduo – classe 1 na Região Metropolitana de Curitiba)
     Sobre o medo das usinas, disse que elas têm que ficar nas zonas urbanas por questão de logística (não gastar muito combustível para levar o lixo para longe) e que são seguras, ao ponto do povo de Paris conviver bem com elas, por exemplo.
     Perguntado se há incineradores do gênero proposto implantado no Brasil, ele disse que em operação ainda não.   Que os projetos mais adiantados estão em São Bernardo do Campo, em Barueri e Jundiaí.
     O lixo do Brasil é mais úmido que o da Europa, tendo umidade entre 55 e 65%.   É mais difícil de queimar na usina.     Disse que na queima de orgânicos gera inclusive dioxinas.     Que há no Brasil normas para esse tipo de queima e que no caso do lixo é muito menos tolerante do que as emissões de quem queima bagaço de cana, resíduos de madeira, etc.    Para estes últimos no Brasil não há limite de emissão de gases.     Falou também que no Norte do BR muito da energia elétrica vem de centrais movidas à queima de petróleo que são altamente poluentes e não tem havido preocupação com isso.                               
     Ele disse que no sistema proposto dá para inclusive gerar crédito de carbono.    Que a coleta seria viável ao redor de 50 km da usina.    O módulo mínimo seria ao redor de 500 t por dia e o custo para o cliente (município) sairia entre R$.60,00 e R$.80,00/tonelada.      
     Eu cá, fiz meus cálculos grosso modo:    Se Maringá gera por dia 200 t de lixo, já descontado o reciclável, seriam 6.000 t por mês, a 70,00 por tonelada, daria 500.000 por mês, ou R$.6.000.000,00 por ano.      Sem contar com as despesas de coleta e recicladores..         Disse que ao redor de 100 pessoas trabalham numa usina da modalidade,  uns 80 no operacional e uns 20 no administrativo.

     A fala do segundo palestrante se estendeu um tanto e terminou as 21.40.    Haveria uma fala do Prof.Jorge Villalobos que iria discorrer sobre a situação jurídica dos municípios da região no tema dos lixões.   Mas dado ao adiantado da hora, o plenário resolveu deixar esta parte para a próxima reunião.     As reuniões do Fórum Lixo & Cidadania são nas segundas Quintas Feiras do mês e são abertas aos cidadãos e entidades.   
    Isto foi o que consegui anotar da forma que entendi e espero ter retratado de forma adequada o que foi discutido.                 orlando_lisboa@terra.com.br